sábado, 19 de dezembro de 2009

Visita à Dona Clemência

Dona Clemência Maria de Jesus é uma senhora baiana com uma risada incansável, que por acaso do destino veio morar Ivinhema. Ao longo de sua vida passou por uma Guerra Mundial, duas ditaduras no Brasil, a redemocratização, o nascimento da internet, todos os acontecimentos que nesses últimos 90 anos nós chamamos de históricos. Mas a verdade é que a história de Dona Clemência tem seus próprios marcos.

Numa idade que já nem lembra mais saiu da sua cidade natal, Caculé, na Bahia, e foi com a família viver em São Paulo, em Presidente Venceslau. Quando casou, a vida por lá ficou difícil e ela decidiu vir para Ivinhema "quando ainda era só mato por aqui". Aqui teve parte de seus dez filhos e perdeu três deles.

A senhora descreve Ivinhema como o "melhor lugar que morou, porque é o que traz as melhores lembranças". Ela não fala do passado, nem da morte de seus filhos como alguém que carrega uma mágoa, e se define melhor do que ninguém "sofri muito, mas não adianta nada chorar, então, é melhor dar risada". E diz que sua força vem do fato de que trabalhou na terra a vida inteira.

Hoje de manhã, a casa de Dona Clemência recebeu uma visita
domiciliar da Bandeira. Há dois anos ela tem dificuldade para andar, porque sofreu uma queda; e a visita do projeto atende justamente quem tem dificuldade de se locomover.

Os visitantes foram o médico geriatra, as nutricionistas, a futura
dentista e os fisioterapeutas, além da equipe de comunicação, e, apesar de ser tanta gente Dona Clemência não pareceu se incomodar "a coisa que eu mais gosto na vida é conversa". Ouviu tudo atentamente, se esforçou nos exames, mas vai precisar de ajuda dos filhos e netos para lembrar de todas as recomendações.

Os fisioterapeutas e o médico ficaram surpresos com a força da baiana. "Ela não está doente, está apenas cansada", diz o médico, que fez alguns ajustes na medicação e sugeriu uma lavagem no ouvido para ver se a audição melhora.

As nutricionistas fizeram algumas sugestões para melhorar a alimentação, apenas com o leite D. Clemência mostrou resistência "não gosto muito de leite, não". A estudante de odontologia observou a boca e aconselhou D. Clemência a escovar os dentes "mas eu só tenho dois", disse a senhora fazendo todos rirem mais uma vez.

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