segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Cinco décadas de Ivinhema

José Pereira das Vinhas, diretor adjunto da Escola Estadual Senador José Müller, conhece a história da cidade de Ivinhema como poucos, e viveu na pele as mudanças pelas quais a cidade passou nos últimos 44 anos.

Pereira mudou-se para a cidade junto com a família em 1965, aos 7 anos de idade. Seu pai, agricultor português, decidiu mudar com a família de Quatá, em São Paulo, para o Mato Grosso do Sul atraído pela expansão do café na região.

Os assentamentos na região de Ivinhema eram controlados pela Sociedade de Melhoramentos e Colonização, a Someco, que controlava a maior parte das terras e as vendia para imigrantes. "A cidade não era nem mesmo conhecida como Ivinhema, a maioria das pessoas chamava ela de Someco mesmo", lembra Pereira.

Mesmo tendo trabalhado na lavoura desde cedo, Pereira conseguiu se formar em Língua Portuguesa. Por quatro anos, ele viajava 5 horas toda semana até Presidente Prudente, onde ficava sua faculdade. Depois de formado, trabalhou numa escola rural, onde pôde ver de perto uma nova onda migratória na região. A modernização da agricultura, que vinha desde a década de 80, fez com que grande parte da força de trabalho se tornasse desnecessária na lavoura, levando famílias a se mudarem para as cidades. Como resultado, a escola rural em que dava aula fechou e ele passou para a EE José Müller, também na cidade.

Pereira fala de outras migrações mais recentes, como a que aconteceu com a abertura de um frigorífico da empresa Independência, em Nova Andradina, que emprega diretamente 3,2 mil pessoas.

Agora, o professor observa uma nova onda de imigração, bem diferente das que testemunhou nas últimas 5 décadas. Os imigrantes, dessa vez, não vêm com suas famílias. Diferente dos grupos esparsos de colonos que fincaram suas raízes pelo estado vindo de todos os cantos do Brasil, esses novos exploradores vêm em uma grande onda, cerca de 240 pessoas, e se concentram num só local. São os estudantes do projeto Bandeira Científica, iniciativa de várias Unidades da USP, que vêm colocar em prática o que aprendem na longínqua São Paulo para prestar atendimento especializado em várias áreas, da saúde à engenharia.

Os alunos de Pereira, de Ensino Fundamental, foram alguns dos atendidos pelos bandeirantes das faculdades de Nutrição e Odontologia. Em atividade integrada, a nutrição discutiu a importância da boa alimentação para a saúde dos dentes, enquanto a odontologia ensinou as técnicas de escovação e prestando atendimento odontológico para os alunos.

Estávamos sentados num banco da escola , depois de acompanhar os trabalhos da nutrição e odontologia quando Pereira puxou conversa e acabou contado um pouco sobre a sua história que se mistura com a de Ivinhema.

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