sábado, 19 de dezembro de 2009

Seis meses em um dia

Para o estudante de Medicina Steeven Yeh, o Bandeira Científica “É um dos poucos lugares na Faculdade de Medicina em que aprendemos a encaminhar uma pessoa, em que vemos como outras áreas funcionam”. Uma dessas pessoas foi Cícera de Souza Reis. A ficha médica da babá, empregada doméstica, doceira e dona-de-casa, acabou coloridíssima, constando quatro selos diferentes, cada um indicando uma área pela qual passaria na Faculdade de Biologia da UEMS, onde foi atendida.

“O problema que ela tinha era excesso de peso e osteoartrose. O que eu fiz foi retirar a dor dela e encaminhar ela pras áreas em que eu não podia intervir”, conta a estudante de medicina Raquel Andrade, que a atendeu. A primeira área foi a Fisioterapia, que complementa o tratamento feito com os remédios. “Encaminhamos ela para dar continuidade à fisioterapia na UBS”, conta o fututo fisioterapeuta Paulo Mota. A Unidade Básica de Saúde que atua em Ivinhema é responsável pela continuidade de parte dos tratamentos dos bandeirantes.

Mota conta que não é comum estudantes acompanharem casos de outras áreas. “Na Bandeira, é diferente. Já acompanhei o tratamento da medicina só porque o caso é interessante. Temos proximidade com a área do outro”. A fisioterapia ainda fez com que Dona Cícera fosse encaminhada para mais uma especialidade, a dermatologia, devido a um olho de peixe que identificaram em seu pé.

A paciente já tinha passado por três áreas antes do final da tarde, quando foi atendida pela Nutrição. Depois de uma longa entrevista, a estudante Priscila Koritar foi apontando os problemas nos hábitos alimentares de Dona Cícera, que encarou a médica com surpresa quando ficou sabendo que o grupo do leite tem que ser consumido três vezes ao dia. Outro choque foi que deveria diminuir o consumo de óleo em sua casa para meia lata por mês – a família de Dona Cícera consome quatro latas mensalmente. “Eu como bem, não vou negar pra você não”, explicou com bom humor.

“Passar por quatro médicos, eu faria isso em seis meses. Eu fiz isso em um dia”, conta a paciente, que só saiu do atendimento para almoçar - quase uma rotina de bandeirante. Agora o desafio é fazer esse dia valer. “Vou mudando aos pouquinhos [a alimentação], já estou mudando”.

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