quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Para criar alternativas e concretizar sonhos

Daniel Silva tem 21 anos, cursa o sexto período da faculdade de Serviço Social, adora futebol e torce para o Cruzeiro. Ele também sofreria com a falta de emprego e perspectivas dos jovens de Itaobim não fosse uma decisão influenciada pelos primos no longinquo ano 2000.

Ao ver os primos digitar rápido, ele também resolveu fazer um curso de datilografia numa entidade chamada Casa da Juventude, localizada no bairro São Cristóvão, à beira da BR-116. Lá ele cursaria ainda cursos de computação e administração. Assim começou o forte envolvimento de Silva com o projeto.

Hoje ele é gerente de projetos da entidade e coordena projetos ocupacionais e profissionalizantes para cerca de 500 crianças. Surgida em 1997, a ONG tinha como objetivo salvaguardar as crianças de duas ameaças presentes em Itaobim: o tráfico de drogas e a exploração sexual.

Quando não estão na escola, as crianças estão na Casa da Juventude. É um lugar mais seguro do que as ruas ou as pistas da rodovia que atravessa a cidade. Entre os cursos ocupacionais desenvolvidos para as crianças estão karatê, dança, teatro, pintura e artesanato. Os cursos profissionalizantes envolvem uma horta, uma mini agroindústria e a revenda dos artesanatos.

As hortaliças colhidas pelos jovens garantem a alimentação e o sustento de 15 famílias. A agorindústria também contribui para engordar o orçamento das 350 famílias com crianças ligadas ao cursos e projetos. Na maioria dos casos, a renda extra pode chegar à um salário mínimo.

Para Silva, realizar projetos para tanta gente é apenas retribuir tudo aquilo que recebeu. Ele acredita na Casa da Juventude como uma maneira de mostrar as possibilidades de estudo e aprimoramento para as crianças e jovens engajadas no projeto. O maior sonho do gerente da ONG é que todas essas crianças possam frequentar uma faculdade. Uma realidade, que para ele, começou com um curso de datilografia há oito anos atrás.

Por Charles Nisz

2 comentários:

Nancy Nuyen disse...

Que legal, Charles!!!
Muito legal.
Forte abraço!
Nancy

Lia Lupilo disse...

o sonho do resposável na casa é um sonho coletivo de todo cidadão daqui que tem o mínimo de consciência. todos falam de se construir universidades aqui, não julgo isso. palavras de uma amiga da psicologia: é um pouco ingênuo achar que a construção de faculdades mudarão a perspectivas do jovem daqui.