segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A importância da prevenção e outras histórias

No atendimento oftalmológico, muitas doenças sem sintomas, outras em fase inicial, foram diagnosticadas. Conversando com um dos médicos, fico sabendo que entre as doenças mais comuns da cidade estavam catarata e pterígio. Esta última, a mais presente entre os habitantes da ensolarada Itaobim, é uma espécie de "carninha" que cresce sobre a íris, por causa da alta exposição ao sol, mas que pode ser facilmente removida em cirurgia.

Também fico sabendo que muitos idosos receberam diagnóstico de glaucoma, doença que leva a degeneração do nervo ótico, mas que pode ser tratada se descoberta a tempo. Entre eles, converso com o sr. Antônio, de 57 anos, que foi diagnosticado com a doença junto com a mulher. Pai de seis filhos, mostrou-se preocupado com a possibilidade de eles desenvolverem o mesmo problema, mas ficou feliz por ter feito o exame a tempo de poder se preparar. Muitas pessoas sofrem de doenças degenerativas e não tem a menor idéia, seus filhos correm o mesmo risco e muitas vezes não se dão conta. Graças à hereditariedade, esses casos podem atrapalhar a vida de uma família por gerações, mas exames simples como os que seu Antônio fez, ajudam a evitar essa sina.

Antônio Mendes Mota, vigia em uma escola da prefeitura, nunca havia ido ao oftalmologista. Ele conta que nasceu em Medina, cidade próxima, e veio para Itaobim há 35 anos. Nesse tempo, conseguiu levar todos os filhos para a escola, mas reclama da falta de uma faculdade na cidade. Emprego e formação superior são duas preocupações presentes em quase todas as conversas com a população local. Pergunto sobre os locais de trabalho na região e ele comenta que a mineradora é um dos principais empregadores, mas contrata principalmente gente de fora, melhor preparada. Ele elogia a atual administração municipal, contado que a violência diminui bastante nos últimos meses. Fala como antes era comum haver mortes diariamente, mas isso tem mudado, a política de educação tem sido boa, o que ajuda. Antônio também comenta, com satisfação, da nova cadeia, inaugurada cerca de 20 dias antes da chegada do bandeira. Durante a estadia do projeto, já haviam quase 100 presos, entre locais e transferidos, que antes não tinham onde ser encarcerados ou estavam nas celas superlotadas de cidades próximas.

Falando sobre religião, o senhor Antônio me conta que a cidade, como em quase todo o país, é bastante católica, além dos vários grupos evangélicos. Felizmente, ele fala que também não há problemas entre eles. Esse catolicismo não transparece tanto quanto em outras cidades do país, onde deus é muito mais louvado e agradecido em quase todas as conversas. Pouca fé é um dos assuntos quando se fala dos problemas na cidade, principalmente entre jovens, mas a população é sempre otimista. Independentemente das questões espirituais, que provavelmente não pude conhecer tão bem, os itaobinenses parecem acreditar nas pessoas. Eles têm fé que alguém, empresário ou político, faça algo pela cidade, dando empregos ou educação, mas não deixam de se ajudar enquanto isso não acontece. Terminando nossa conversa, Antônio se diz emocionado com o trabalho da Bandeira, e a "dedicação nota dez, sem demagogia".

Por Pedro J Sibahi
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2 comentários:

Thiago de Sá disse...

Olá a todos da Bandeira Científica,

meu nome é Thiago de Sá, sou educador físico e mestrando pela Faculdade de Saúde Pública. Tenho grande interesse em participar da proxima Bandeira Cientifica e gostaria de informações sobre como aplicar. Meu email: thiagodesa@usp.br

Um abraço e ate logo!

Rocio disse...

Eu acho que foi um texto longo, mas por sua vez é muito interessante, espero que em algum momento têm a oportunidade de ler tudo, porque eu agora não posso porque tenho miopia